segunda-feira, 30 de março de 2015

ATRIBUTOS DE DEUS 1f

ATRIBUTOS DE DEUS

Parte 1 (f)
O que é Deus?


Antes de analisarmos os atributos de Deus é importante estarmos cientes de que, segundo Hodge, as Suas perfeições são, na realidade, atributos sem os quais Ele deixaria de ser Deus. Por isso, todos eles são igualmente importantes. Não podemos considerar um ou outro dos Seus atributos como algo a que deveríamos dar maior ênfase do que aos demais. Quanto aos seres humanos, são eles caracterizados por atributos ou qualidades permanentes e por acidentes ou acessórios. P. ex., uma pessoa normal não pode deixar de apresentar consciência de si ou inteligência, que são considerados atributos, sem os quais ela poderia deixar de ser considerada um ser humano normal. Todavia, ela pode apresentar também características acessórias, como p. ex. honestidade e bondade, sem as quais ela ainda seria considerada um ser humano normal, mesmo sendo desonesto e mau. Porém, nenhuma característica de Deus pode ser modificada, pois, nesse caso, Ele deixaria de ser o único Deus verdadeiro e real. Alguém poderia imaginar um outro “deus”, com outras características, mas o único Deus verdadeiro é como sempre foi e sempre será, com as perfeições que Ele decidiu nos revelar e com outras que nem sequer podemos imaginar! A pergunta nº 4 do Breve Catecismo de Westminster é: “O que é Deus?”. E a resposta é a seguinte: “Deus é um Espírito infinito, eterno e imutável, em Seu Ser, sabedoria, poder, santidade, justiça, bondade e verdade”. É uma resposta simples, mas que nos dá uma boa idéia a respeito de Deus e é útil para um início de estudo a Seu respeito. Para Hodge, ela provavelmente seja “a melhor definição de Deus já elaborada por um homem”, Deus é espírito (Jo 4.24). O espírito é uma substância diferente da matéria. Entendemos por substância algo que tenha existência e se manifesta, isto é, apresenta propriedades ou atributos por meio dos quais podemos caracterizá-la. A substância material é diferente da substância espiritual. Uma substância e seus atributos são inseparáveis. Cada um deles é conhecido pelo outro. Uma substância sem atributos não tem existência. Não se pode ter nenhuma idéia a respeito de uma substância a não ser por suas propriedades ou atributos. Conhecemos a matéria pelas suas propriedades. O espírito não apresenta as mesmas propriedades da matéria. Nosso espírito ou “alma é uma substância individual... cada subsistência individual que pensa e sente, que possui o poder de autodeterminação, é uma pessoa...o espírito não é matéria, e nem matéria é espírito... atributos diferentes e incompatíveis não podem pertencer à mesma substância” (C.Hodge). Portanto, além da matéria nós, seres humanos, somos constituídos por algo que não conseguimos caracterizar claramente, mas do qual conhecemos algumas propriedades, a nossa alma. Pela própria consciência da nossa mente podemos perceber algumas características daquilo que consideramos uma pessoa. Como vimos, um espírito pensa, quer e sente. Inteligência, vontade, sensibilidade e autoconsciência são atributos de um espírito e caracterizam uma pessoa. Todos nós, por experiência, conhecemos algumas das propriedades da matéria e, também, algumas propriedades da nossa alma, como sentimentos, inteligência, imaginação, etc. Todavia, nunca empregamos, literalmente, palavras que caracterizam propriedades da matéria para nos referirmos à nossa alma, como p. ex. forma, tamanho ou cor. Nós não imaginamos nossa alma como sendo triangular, alta ou verde. Sabemos que não podemos caracterizá-la por propriedades da matéria. É interessante o fato de muitos não acreditarem que Deus exista pelo fato de que Sua existência não pode ser demonstrada por equipamentos ou comprovada pelos nossos sentidos. Não se dão conta de que somente a matéria ou a energia podem ser detectadas dessa maneira. Mas, Deus é espírito. O interessante é que essas mesmas pessoas não duvidam da existência da sua própria mente ou da mente das demais pessoas. Mas, a mente também é algo imaterial que não pode ter sua existência comprovada, a não ser pelos efeitos da sua ação. Exatamente o mesmo acontece com as ações de Deus no mundo material. Considerar a mente como sendo o produto da atividade cerebral não é correto, pois ela, na verdade, atua sobre o cérebro e lhe dá os direcionamentos conforme a sua própria vontade. Após a ressurreição, Jesus Cristo apareceu aos discípulos e eles ficaram “surpresos e atemorizados”, pois pensavam estar vendo um espírito. Jesus os acalma e diz: “Vede as minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo; apalpai-me e verificai, porque um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho” (Lc 24.37,39). A palavra aqui empregada (pneuma) é a mesma que aparece em Lc 23.46: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito!”. Jesus diz que um espírito não tem carne nem ossos, que são constituídos de matéria. Deus é espírito. “Deus é imaterial. Nenhuma das propriedades da matéria pode ser-lhe atribuída... e Ele é uma pessoa – um agente autoconsciente, inteligente e voluntário” (C. Hodge).

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